Surrounded by Idiots - resenha crítica

As 4 cores do comportamento humano

Para começar, resumimos os 4 tipos de comportamento humano, conforme definido pelo sistema de código de cores. Este, por sua vez, é geralmente chamado de “DISA” (sigla inglesa para Domínio, Indução, Submissão e Capacidade Analítica, em tradução livre) ou “DISC” (substituindo o último elemento por “compliance”).]

Dessa forma temos os seguintes aspectos positivos e negativos dos tipos de personalidades/comportamentos humanos, conforme sua “cor”:

• Vermelho: dominante, obstinado, independente, ambicioso, eficaz, agressivo, resistente e difícil de lidar;
• Amarelo: estimulante, entusiasmado, dramático, extrovertido, manipulador, temperamental, indisciplinado e egoísta;
• Verde: estável, solidário, respeitoso, prestativo, confiável, agradável, teimoso, incerto, complacente, dependente e constrangedor;
• Azul: perfeccionista, analítico, diligente, atencioso, sério, persistente, exigente, metódico, crítico, indeciso, tacanho, meticuloso, moralista.

Eis um exemplo oferecido pelo autor para demonstrar os diferentes comportamentos. Imagine que alguém descobre uma mancha de óleo no chão. Como cada cor “se comportaria?”:

• Vermelho: critica a pessoa mais próxima e ordena que ela a limpe;
• Amarelo: vê, esquece e fica surpreso quando escorrega 2 dias depois;
• Verde: vê, sente um pouco de culpa pelo problema, mas, não faz nada;
• Azul: pergunta “Por que há óleo derramado aqui?”, levantando uma série de outras questões.

Estatisticamente, apenas cerca de 5% da população tem apenas uma cor que mostra em seu comportamento. Cerca de 80% tem duas e 15%, três. Ninguém tem quatro cores.

Segundo Erikson, as combinações mais comuns são:

• Azul e vermelho;
• Vermelho e amarelo;
• Amarelo e verde;
• Azul e verde.

Todas as outras combinações geram desafios e cargas de estresse.

As comunicações ocorrem nos termos do ouvinte

Tudo o que você diz a uma pessoa é filtrado por meio de seus quadros de referência, preconceitos e ideias preconcebidas. O que resta, em última análise, é a mensagem que ela entende.

Por razões distintas, ela pode interpretar o que você deseja transmitir de uma forma totalmente diferente da que você pretendia. O que será realmente entendido variará, naturalmente, de acordo com o seu interlocutor, mas é muito raro que toda a mensagem transmitida seja exatamente como você a concebeu em sua mente.

Pode parecer deprimente saber que você tem tão pouco controle sobre o que a outra pessoa entende. Nesse sentido, não importa o quanto você se esforce para ser mais claro, pois, não há muito a fazer sobre isso. Trata-se de um dos maiores desafios da comunicação.

Você não pode simplesmente mudar as características das pessoas. No entanto, a maioria está ciente de como deseja ser tratada, sendo muito sensível quanto a isso. Ao se ajustar à forma pela qual as pessoas querem ser tratadas, você se tornará mais eficaz em suas comunicações.

Por que somos do jeito que somos?

De onde vem o nosso comportamento? Por que as pessoas são tão diferentes? Nosso autor explica essas questões de modo bastante sucinto: uma combinação entre hereditariedade e ambiente. Mesmo antes de nascermos, já foram estabelecidas as bases para os padrões de comportamentos que exibiremos na idade adulta.

O temperamento e os traços de caráter que herdamos afetam decisivamente o nosso comportamento, mediante um processo iniciado ainda no estágio embrionário. Como tudo isso funciona exatamente está longe de ser consenso entre os cientistas. Mas, todos concordam que esses fatores entram em cena.

Não herdamos apenas as características de nossos pais, mas também de nossos avós e, em graus variados, de outros parentes. Todos, em um momento ou outro de suas vidas, já ouviram falar que se parecem com um tio ou uma tia, não é mesmo?

Explicar como isso é geneticamente possível levaria uma enorme quantidade de tempo. Então, por ora, vamos apenas estabelecer que essa herança é a base de nosso desenvolvimento comportamental. O que acontece depois que nascemos?  Na maioria dos casos, as crianças nascem impulsivas, aventureiras e sem conhecer quaisquer barreiras ou limites.

Uma criança faz exatamente o que quer. Ela diz coisas do tipo: “Não, eu não quero!” ou “Claro que posso!”. Desse modo, está imerso na ideia de que pode lidar com qualquer coisa. Obviamente, esse tipo de comportamento espontâneo e, por vezes, descontrolado, nem sempre é o que seus pais esperavam.

Com o passar do tempo, o que antes era um padrão de comportamento original começa a se transformar, no melhor ou no pior dos casos, em uma cópia de outra pessoa.

As crianças, por exemplo, aprendem e se desenvolvem de várias formas, embora o caminho mais comum seja o da imitação. Com efeito, as crianças limitam o que veem ao seu redor, com o pai ou a mãe servindo de modelo.

Uma introdução ao sistema

Ao longo de toda a obra, Erikson concentra-se nos elementos específicos das cores, pois, eles são os componentes fundamentais do comportamento de uma pessoa. É como uma receita – precisamos entender todos os ingredientes antes de assar o bolo.

O comportamento totalmente verde, ou verde em combinação com outra cor, é o mais comum. O menos frequente, segundo o nosso autor, é o comportamento inteiramente vermelho, ou comportamento vermelho em combinação com outra cor.

Muitas pessoas possuem qualidades que você gostaria de ter – é possível, até mesmo, que, em seu íntimo, você sinta uma pontada de inveja. Eles podem dominar facilmente os conhecimentos ou habilidades que você tem de lutar muito para adquirir. Desse modo, talvez você queira ser mais decisivo como os vermelhos, ou, quem sabe, deseje ter a mesma facilidade de interação que os amarelos.

Possivelmente, você gostaria de não se estressar tanto, sendo tão relaxado como os verdes e, talvez, deseje manter uma agenda de compromissos bem organizada, algo natural para os azuis.

Não obstante, há aspectos negativos em cada cor. Por exemplo, você pode se sentir um pouco “mandão”, como os vermelhos costumam ser; ou falar demais, algo que os amarelos fazem. Pode ser, ainda, que viva a vida com extrema leveza, sem se engajar em nada, a maior fraqueza dos verdes. Há quem sempre suspeite de tudo, vendo riscos em todos os lugares, como os azuis.

Portanto, o mais importante é olhar para dentro de si mesmo e começar a identificar as suas próprias “armadilhas” e, assim, tomar as medidas apropriadas para contorná-las com sucesso.

As pessoas são, obviamente, diferentes. Então, o que fazer?

Como devemos lidar com pessoas que são diferentes de nós e reagem de maneiras completamente distintas frente a uma mesma situação? Você é capaz de assumir vários tipos de personalidades em diferentes situações? Essas questões são, de fato, interessantes.

Se fosse possível se comportar 100% como um camaleão, isto é, mudando completamente de comportamento, dependendo de com quem esteja – seria uma boa ideia tentar? É natural que sejamos quem somos e, dessa forma, exibamos nosso próprio comportamento habitual.

Entretanto, por uma série de razões, podemos sentir a necessidade de nos adaptarmos às pessoas ao nosso redor. Fala-se muito frequentemente sobre como devemos ser flexíveis e adaptáveis para podermos lidar com uma ampla variedade de situações e responder a muitos diferentes tipos de pessoas.

Tal conceito recebeu, inclusive, uma nomenclatura – IE (Inteligência Emocional) ou QE (Quociente Emocional). Para lidar com essa constante necessidade de adaptação, é importante estarmos cientes de que ela exige esforço e demanda muita energia.

Nosso comportamento “antinatural” é, portanto, se adaptar continuamente aos outros, e isso requer habilidade, treinamento e energia. Se não temos certeza do que é “certo” em uma situação, se não temos treinamento ou falta a energia suficiente para lidar com o papel que acreditamos ser o correto, ficamos assustados, hesitantes e constantemente estressados.

Como resultado, perdemos ainda mais energia e nosso comportamento natural se torna cada vez mais visível, surpreendendo as pessoas ao nosso redor que já se acostumaram a nos ver de outra maneira.

Como avaliar alguém que você não encontra pessoalmente?

Muitas coisas são reveladas pela maneira como escrevemos: cores diferentes têm estilos de escrita distintos; alguns têm tempo para se expressar, enquanto outros são breves e sucintos.

Caso tenha a chance de ler uma amostra de escrita mais longa que a pessoa em questão tenha escrito (um relatório, coluna ou carta, por exemplo), haverá muitos elementos a notar. Na maioria das vezes, é possível identificar uma determinada cor pelas palavras escritas.

Se você utiliza poucas palavras para se expressar oralmente, é provável que mantenha essa característica em sua escrita. E vice-versa. Se a única coisa disponível a ser analisada é um e-mail, você deve usá-lo para fazer essa análise. Suponha que esteja respondendo à mensagem de um cliente.

Você, obviamente, deseja se preparar adequadamente. Logo, analisará cuidadosamente a forma pela qual o e-mail foi redigido. A mensagem é factual? Existe algum tipo de “toque pessoal”? É concisa e breve ou parece ter sido escrita espontaneamente?

Todos esses pequenos detalhes são sinais importantes que, como tais, podem ser usados a se favor. Como sempre, há muitas exceções, contudo, existem certos padrões que merecem ser observados atentamente.

O temperamento pode revelar tudo sobre uma pessoa

Por “temperamento”, o autor não se refere apenas ao que frustra uma pessoa, mas a forma pela qual ela reage quando algo inesperado acontece. Outra forma de abordar esse tema consiste em refletir sobre a “disposição” de um determinado indivíduo, isto é, como ele reage às mudanças nas circunstâncias e que tipo de energia ele possui.

Não obstante, a raiva é um bom indicador para julgar a “cor” do temperamento de uma pessoa, o que, de resto, é algo situacional. Isso significa que, o que perturba um homem pode não incomodar outro. Ao observar como as pessoas reagem quando as coisas dão errado, você obterá algumas pistas importantes.

As diferentes formas de reagir ao estresse

Todos reagimos de modo particular ao estresse. Diferentes pessoas podem experimentar, conforme mencionado, o mesmo evento de maneiras diferentes, enquanto outras podem experimentar eventos semelhantes em diversas formas e momentos.

As suas experiências pregressas e a forma como está se sentindo agora têm um efeito substancial sobre a sua ação e reação. Caso esteja bem descansado e se sentindo confortável, interpretará uma semana difícil no trabalho como um desafio revigorante, apesar de uma pesada carga de tarefas.

Porém, se estiver cansado ou deprimido, pode experimentar a mesma semana como algo horrível e desmoralizante. Como a sua “cor” afeta os seus níveis de estresse? Vale ressaltar que o autor não deseja abordar o seu limiar, isto é, a quantidade e/ou intensidade de estresse que você possa suportar, mas, sim, o que lhe deixa estressado e como você reage a isso.

Nesse sentido, Erikson emprega o conceito de “forças motrizes” – quaisquer forças que lhe motivem a levantar da cama todas as manhãs, correr para o trabalho e ir além. A despeito da obra não se dedicar, especificamente, a essa dimensão, é fácil perceber que ficamos estressados quando nos vemos gastando muito tempo com as coisas erradas.

Após identificar os fatores de estresse mais importantes em sua vida, você estará melhor equipado para evitá-los, sempre que possível. Se você é um gestor corporativo ou líder empresarial responsável por várias pessoas, o fato de conhecer o perfil comportamental de cada um, a fim de evitar os piores problemas na rotina da empresa. De fato, muito estresse pode ser poupado e, assim, manter a produtividade do grupo.

Notas finais

O objetivo central do autor consiste em destacar que nenhum grupo é composto somente por indivíduos com as mesmas características pessoais. Portanto, a diversidade é a única rota possível. A melhor forma de reunir um conjunto de pessoas consiste em misturar os diferentes tipos.

Embora isso pareça intuitivo, muitas empresas falham nesse requisito fundamental ao recrutarem seus profissionais. A tendência dominante, infelizmente, ainda é a de trazer as pessoas mais parecidas possíveis, em todos os aspectos. Isso deve ser mudado o quanto antes!

Dica do 12’

Gostou do microbook? Então, leia também “What You Do Is Who You Are” e incorpore valiosos ensinamentos históricos à sua prática profissional.